Prevenção e Mitigação da Contaminação de Lubrificantes: Um Guia para Profissionais de Manutenção.

Os lubrificantes são essenciais para o funcionamento suave e eficiente de diversos tipos de maquinaria, desde motores e turbinas até engrenagens e rolamentos. No entanto, os lubrificantes também podem ser vulneráveis à contaminação proveniente de várias fontes, como sujeira, poeira, água, partículas de metal, micróbios e produtos químicos. A contaminação pode degradar a qualidade e o desempenho dos lubrificantes, levando ao aumento do desgaste, atrito, corrosão, oxidação e formação de verniz nas máquinas. Isso pode resultar em:

  • Redução da eficiência
  • Aumento do tempo de inatividade
  • Custos de manutenção mais elevados
  • Vida útil mais curta do equipamento

A importância do controle da contaminação de lubrificantes – tanto na prevenção quanto na mitigação – frequentemente passa despercebida, apesar das consideráveis repercussões financeiras e operacionais que isso acarreta. É crucial que os profissionais de manutenção compreendam a importância do controle da contaminação de lubrificantes nas operações. Este artigo discutirá a definição e os custos associados à contaminação de lubrificantes, bem como estratégias de manutenção preventiva para diversos ambientes.

Definição de Controle de Contaminação na Lubrificação

Controle de Contaminação na Lubrificação é o processo de minimizar ou eliminar a entrada, geração e acúmulo de contaminantes em lubrificantes e sistemas lubrificados. Os contaminantes podem ser classificados em três categorias:

  1. Particulados
  2. Líquidos
  3. Gasosos

Contaminantes particulados incluem partículas sólidas como sujeira, poeira, lascas de metal, detritos de desgaste e micróbios. Contaminantes líquidos incluem água, combustível, refrigerante e outros fluidos que podem se misturar ou diluir o lubrificante. Contaminantes gasosos incluem ar, oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono e outros gases que podem reagir com ou oxidar o lubrificante.

O controle de contaminação na lubrificação envolve quatro etapas principais:

  1. Exclusão: a prevenção de contaminantes de entrar no lubrificante ou no sistema lubrificado, incluindo novos lubrificantes em armazenamento.
  2. Remoção: a retirada de contaminantes do sistema lubrificado.
  3. Monitoramento: a medição e análise do nível e tipo de contaminantes no sistema de lubrificação.
  4. Gerenciamento: a implementação de políticas e procedimentos para garantir um controle eficaz da contaminação na lubrificação.

É importante entender algumas das principais fontes de contaminação do lubrificante, que incluem:

  1. Produção do lubrificante.
  2. Transporte ou armazenamento.
  3. Erro humano.
  4. Mudanças de lubrificantes antigos para novos (Santie Oil Company, 2022).

O Custo da Contaminação de Lubrificantes nas Despesas Operacionais

A contaminação do lubrificante pode ter um impacto significativo nos gastos operacionais de uma planta ou instalação industrial. De acordo com um estudo realizado pelo Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá, a contaminação por partículas foi a causa raiz de 82% das falhas relacionadas ao desgaste. As falhas relacionadas ao desgaste podem resultar em:

  • Aumento nos custos de reparo e substituição.
  • Redução na disponibilidade e confiabilidade do equipamento.
  • Diminuição na produção e qualidade.
  • Maior consumo de energia e emissões.
  • Aumento dos riscos de segurança e ambientais.

O custo da contaminação do lubrificante pode ser estimado usando diversos métodos, como análise de falha, custeio do ciclo de vida, análise de retorno sobre o investimento (ROI) ou cálculos de produção perdida. Independentemente do método utilizado, a contaminação do lubrificante pode resultar em perdas significativas na produção.

A maioria das fábricas normalmente destina de 1% a 2% do seu orçamento total de manutenção para lubrificantes, portanto, o custo de um galão de óleo ou um tubo de graxa não é a preocupação principal – é o custo dos problemas subsequentes causados por práticas inadequadas de lubrificação.

Estratégias de Manutenção Preventiva para Controle de Contaminação

A melhor maneira de controlar a contaminação do lubrificante é evitá-la desde o início. Estratégias de manutenção preventiva para controle de contaminação incluem:

Armazenamento e Manuseio Adequados

Os lubrificantes devem ser:

  • Armazenados em uma área fresca, seca, limpa e bem ventilada.
  • Mantidos em recipientes selados com rótulos ou códigos de cores para evitar confusão e contaminação cruzada.
  • Transferidos utilizando bombas e mangueiras dedicadas que estejam limpas e secas.

Seleção e Aplicação Adequadas

Os lubrificantes devem ser selecionados com base nas especificações e requisitos do equipamento e nas condições de operação. Expressões como “óleo é óleo” e “graxa é graxa” não devem existir em um departamento de manutenção. A seleção adequada do lubrificante para a aplicação é fundamental, pois o tipo errado pode se tornar um contaminante por si só. Os lubrificantes devem ser trocados ou reabastecidos de acordo com o cronograma recomendado pelo fabricante (OEM) ou com base no monitoramento das condições.

Projeto e Manutenção Adequados de Equipamentos

Os equipamentos devem ser:

  • Projetados com características que evitem ou minimizem a entrada de contaminação, tais como:
  • Vedações
  • Filtros
  • Respiros
  • Câmaras de expansão
  • Manutenção regular para verificar:
  • Vazamentos
  • Desgaste
  • Corrosão
  • Problemas de alinhamento
  • Limpeza antes da abertura ou serviço.

Estratégias de Mitigação para Eventos de Contaminação

Apesar das medidas preventivas, eventos de contaminação ainda podem ocorrer devido a circunstâncias imprevistas, como acidentes, mau funcionamento ou erros humanos. Em tais casos, são necessárias estratégias de mitigação para minimizar os danos e restaurar a condição do lubrificante e do equipamento.

As estratégias de mitigação para eventos de contaminação incluem:

Identificação e Diagnóstico Adequados da Contaminação

A contaminação deve ser:

  • Detectada o mais cedo possível usando métodos como:
    • Inspeção visual
    • Análise de óleo
    • Monitoramento de condição
    • Identificada por sua:
    • Origem
    • Tipo
    • Nível
    • Gravidade
    • Diagnosticada quanto ao seu impacto no lubrificante e no equipamento.

Remoção e Descarte Adequados da Contaminação

A contaminação deve ser:

  • Removida do lubrificante ou do equipamento usando métodos como:
    • Filtragem
    • Descarga
    • Drenagem
    • Purga
    • Descartada de maneira segura e ecologicamente correta, de acordo com as regulamentações e padrões locais.

Restauração Adequada e Prevenção Futura

Os lubrificantes e o equipamento devem ser armazenados em suas condições originais ou desejadas usando métodos como:

  • Reposição
  • Substituição
  • Reparo

O equipamento também deve ser protegido contra eventos de contaminação semelhantes por meio de:

  • Melhor vedação
  • Melhor ventilação
  • Relubrificação mais frequente

Controle de Contaminação em Aplicações Críticas na Indústria de Lubrificação

Algumas aplicações são mais sensíveis ou exigentes do que outras no que diz respeito à contaminação de lubrificantes. Isso inclui aplicações que envolvem processamento de alimentos, fabricação farmacêutica, dispositivos médicos, aeroespacial ou energia nuclear.

Essas indústrias requerem padrões mais elevados de limpeza, segurança, qualidade e desempenho para lubrificantes e equipamentos. Portanto, o controle de contaminação nessas aplicações requer medidas mais rigorosas e especializadas, tais como:

  • Utilização de lubrificantes de grau alimentício ou sintéticos que sejam resistentes à degradação, oxidação e crescimento microbiano.
  • Utilização de filtros e respiradores com alta eficiência, baixa queda de pressão e alta capacidade de retenção de contaminação.
  • Utilização de técnicas de análise de óleo ou monitoramento de condição que possam detectar níveis mínimos de contaminação.
  • Utilização de agentes de limpeza e flushing compatíveis com o lubrificante e o equipamento.
  • Utilização de procedimentos de certificação ou validação que verifiquem a conformidade do lubrificante com as regulamentações e normas relevantes.

Controle de Contaminação em Ambientes Extremos

Da mesma forma, para aplicações críticas, alguns ambientes são mais desafiadores do que outros quando se trata de contaminação de lubrificantes. Isso inclui ambientes que apresentam altos níveis de:

  • Temperatura
  • Pressão
  • Umidade
  • Poeira
  • Vibração
  • Corrosão

Esses ambientes podem acelerar a degradação, oxidação ou reação dos lubrificantes e levar à formação de lodo ou depósitos de verniz. O controle de contaminação nesses ambientes requer medidas mais robustas e adaptativas, tais como:

  • Utilização de lubrificantes que possuam alto índice de viscosidade, ponto de fulgor, estabilidade térmica e propriedades antidesgaste.
  • Filtros e respiradores resistentes a altas temperaturas, pressões, umidade e choque.
  • Técnicas de análise de óleo e monitoramento de condições que possam verificar a presença de detritos e medir viscosidade, acidez e oxidação.
  • Procedimentos de manutenção e reparo que possam prevenir ou corrigir a expansão térmica, choque, fadiga e fuga de lubrificantes.

Conclusão

A contaminação de lubrificantes é uma séria ameaça ao desempenho e à confiabilidade das máquinas. Isso pode causar aumento em:

  • Desgaste
  • Fricção
  • Corrosão
  • Oxidação
  • Formação de verniz

Além disso, pode resultar em:

  • Eficiência reduzida
  • Maior tempo de parada
  • Custos de manutenção mais elevados
  • Vida útil mais curta dos equipamentos

É fundamental que os profissionais de manutenção implementem práticas eficazes de controle de contaminação em suas operações. Essas práticas incluem prevenir a entrada de contaminação no sistema de lubrificação, remover a contaminação do sistema de lubrificação, monitorar o nível e o tipo de contaminação no sistema de lubrificação, e gerenciar as políticas e procedimentos para o controle de contaminação.

As práticas de controle de contaminação devem ser adaptadas às necessidades e desafios específicos de diferentes aplicações e ambientes, já que alguns exigem padrões mais elevados de limpeza, segurança, qualidade e desempenho. Certas aplicações e ambientes requerem medidas mais robustas e adaptativas para lidar com condições adversas.

Seguindo essas práticas, os profissionais de manutenção podem garantir que seus equipamentos e sistemas de lubrificação estejam protegidos da contaminação e entreguem resultados ótimos.


Por Kuba Bednarz, engenheiro de petróleo entusiasmado com paixão pelo setor de Petróleo e Gás.

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